INTRODUÇÃO A pancreatite aguda (PA) é uma inflamação súbita do pâncreas, caracterizada por dor abdominal intensa, geralmente no epigástrio, que pode irradiar para as costas. Sua apresentação clínica varia desde formas leves e autolimitadas até quadros graves com falência orgânica e risco de vida. As principais causas incluem litíase biliar e consumo excessivo de álcool, embora fatores genéticos e metabólicos também possam estar envolvidos. A ativação intrapancreática de enzimas digestivas, especialmente a conversão do tripsinogênio em tripsina, desempenha um papel central na patogênese da PA (CAO et al., 2021), levando à autodigestão do tecido pancreático e à resposta inflamatória sistêmica. Por outro lado, a pancreatite crônica (PC) é uma síndrome fibroinflamatória progressiva do pâncreas, resultante de respostas patológicas persistentes a lesões ou estresses parenquimatosos. Essa condição leva à perda irreversível da função exócrina e endócrina do órgão, manifestando-se clinicamente por dor abdominal crônica, má absorção e diabetes mellitus. A classificação TIGAR-O (Tóxico-metabólica, Idiopática, Genética, Autoimune, Repetida e Obstrutiva) é frequentemente utilizada para categorizar as causas da PC, destacando a natureza multifatorial da doença (FORSMARK & PHAM, 2018). A incidência global da PA tem aumentado nas últimas décadas. Em 2019, foram registrados aproximadamente 2,8 milhões de casos incidentes de PA em todo o mundo, com uma taxa de incidência padronizada por idade de 34,8 por 100.000 pessoas-ano (JIANG et al., 2021). Embora a taxa de incidência tenha diminuído ligeiramente desde 1990, a carga absoluta da doença permanece alta devido ao crescimento populacional e ao envelhecimento da população. A mortalidade global por PA também apresentou uma leve redução, mas ainda representa uma preocupação significativa de saúde pública. Entre 2009 e 2019, o Brasil registrou 64.609 internações por PC, com predominância em homens (63,5%) e maior incidência em indivíduos com 70 anos ou mais. Observou-se uma reduç