A hemorragia digestiva é definida como a perda de sangue em qualquer segmento do trato gastrointestinal, abrangendo desde o esôfago até o reto. A distinção entre hemorragia digestiva alta (HDA) e hemorragia digestiva baixa (HDB) baseia-se na localização em relação ao ligamento de Treitz: os sangramentos originados proximalmente a esse marco anatômico, como os provenientes do esôfago, estômago ou duodeno, são classificados como HDA; já aqueles com origem distal, como no intestino delgado distal, cólon ou reto, configuram a HDB. Importa destacar que a hemorragia digestiva não constitui uma doença em si, mas sim uma manifestação clínica de distintas patologias subjacentes, que podem variar desde condições benignas até enfermidades graves e potencialmente fatais. Além disso, representa um relevante problema de saúde pública, com impacto significativo tanto na morbidade quanto nos custos assistenciais. Nos Estados Unidos, estima-se a ocorrência de aproximadamente 300 mil internações anuais por hemorragias digestivas, gerando importante ônus econômico. Observa-se, nas últimas décadas, uma tendência de redução na incidência de HDA, atribuída, em grande parte, ao controle mais efetivo da úlcera péptica, com a erradicação do Helicobacter pylori e o uso disseminado de inibidores da bomba de prótons, bem como ao aprimoramento do manejo da hipertensão portal. Apesar desses avanços, a HDA permanece como uma das emergências gastroenterológicas mais comuns, com taxa de mortalidade que varia entre 5% e 10%, podendo atingir até 15% em grupos de maior risco, como pacientes com sangramento varicoso ou portadores de comorbidades significativas. Por sua vez, a HDB responde por aproximadamente 20% a 30% dos casos de hemorragia digestiva significativa, sendo menos letal, com mortalidade estimada entre 2% e 4%. Contudo, sua incidência apresenta tendência de crescimento, em decorrência do envelhecimento populacional, especialmente pelo aumento de causas como a diverticulose colônica e as angiodisplasias em pacientes idosos. O reconhecime